quarta-feira, 29 de julho de 2009

Do que se faz o tempo.


Um dia me disseram que o tempo cura todas as feridas. Os dias me mostraram que não há nada mais certo. E não é só de feridas que ele dá conta.
É o remédio para cortes de cabelo mal feitos, mágoas, moedas engolidas e tantas outras agonias cotidianas.

É de tempo que somos feitos, mas não sei do que é feito o tempo. Desconfio que deve ser um misto de paciência com distancia. Algo que nos faz ir longe do que hoje nos machuca.

O estranho é que ele também deve ter algo a ver com saudade. Não é só de desastres e arrependimentos que ele nos leva. Por vezes nos afasta de boas coisas que costumávamos viver ou ser. E aí dá vontade de fazer o caminho inverso, de uma estradinha que até hoje só se conhece a ida.

Talvez tempo seja feito somente do que fazemos dele. Existem dias que usamos como degraus para irmos além do que hoje não faz bem e meses inteiros feitos da saudade que deixamos em algum lugar. E é por isso que nossos minutos são preciosos. É o que fazemos deles, e da soma deles, o que nos constrói. Com o que gastamos nossos dias é o que seremos no fim deles.

No final, se seremos um amontoado de dias que sejam de dias bons, não é? De aprendizado, de realizaçao. Se gastarmos nossos dias com construção nosso tempo terá sido feito das nossas realizações. Os dias convertidos em ação, mudanças e feitos. Tempo perdido é todo o tempo em que continuamos a mesma coisa de antes. Todos temos o mesmo tempo, mas é de maneiras diferentes que o gastamos. E é nas diferentes formas de ser que encontramos as variadas formas com que cada um gastou seu tempo.

O que vamos querer ser daqui a pouco? O que queremos ver lá atrás quando o tempo já tiver sido usado? É todo nosso e o que faremos dele nós iremos encontrar daqui a pouquinho ou daqui a um tempão. Será que estar parado não é deixar o tempo passar em vão? Acho que poucos são os que querem chegar lá na frente e ver que nada ficou do tempo que passou. Eu quero ver outra Mariana daqui a vinte anos, porque seria muito desperdício e sem graça ser a mesma daqui a tanto tempo. Talvez baste só começar com o hoje o queremos ser e ver daqui há um tempão. E o melhor é que temos o resto dos dias todos para modelar.

Acabo de transformar minha última meia hora nessas palavras.. e começo a acreditar que tempo deve ser realmente feito do que fazemos dele.