domingo, 15 de março de 2009

Quase tudo sobre minha mãe


É como se a cada dia eu me pegasse mais parecida com ela. E não pode haver nada que dê mais orgulho. Acho que foi ela que, sem querer, me ensinou a falar tanto. Me ensinou, sem saber, a gostar das novas coisas, dos livros. Ainda que hoje ela tenha mania de ler só alguns bons capitulos de qualquer um que ela compre ou ganhe.

Acho que se ensina bem mais sendo, do que falando. E minha mãe não podia deixar de lecionar sobre ser especial. É como fala, sobre o que fala, no que acredita. É a paixão pelo que faz, a certeza de que as coisas vão realmente ficar boas uma hora. E sempre ficam.

Digo que durante aqueles nove meses, em algum momento, as mães vão para um spa/clube/liceo das mães, e aprendem sobre tudo. Aprendem a adivinhar que festas nao vais gostar, mesmo quando insites um mês para ir. Aprendem sem nem conhecer, a detectar pessoas que não vão lhe fazer muito bem e todas as caras correspondentes a qualquer coisa que você possa sentir (de dor de barriga à de cotovelo). O resto é alguma disciplina sobre pragas. Sempre que ela diz que acha que não vai dar muito certo eu aprendi a pensar 'pronto agora é que não vai dar mesmo.valeu!'.

Eu era pequetita e ela sempre foi a melhor companheira. E companheiros que mandam você, com 5 anos, refletir sobre suas atitudes e te deixam estragar seus brinquedos (porque eles são seus,ora) são, a longo prazo, os melhores que podem existir.

Ela sempre me dizia que queria que eu fosse amiga dela, e quando eu tinha 14 eu nao entendia mesmo o que ela queria dizer com isso. Ninguem com 14 pode. Porque o que eu sabia sobre amigos não podia se parecer em nada sobre o que hoje nós temos.

Ela me fala de coisas que eu rio e daqui ha um tempo descubro que é a mais pura verdade. E ela não tem pressa, espera que eu entenda. É assim que ela me ensina que o tempo tras tudo o que nos é necessário. Ela vê as coisas que dão errado com sorrisos (umas reclamações tambem vai, que ninguem é de ferro) e lá na frente ela me mostra como as cagadas construiram boas oportunidades no hoje.

Ela é a única resposta que admito ainda não ter. O resto ela ja me ensinou que não é dificil entender. Porque quando alguma coisa fica complicada demais ela me mostra um jeitinho de olhar que, caramba, que óbvio e simples que é! E quero que cada dia ela esteja mais em mim. No jeito de abraçar e enxergar as coisas, no jeito de pegar na cintura e mandar o Fred arrumar logo a bagunça do quarto e até nas cômicas peculiaridades e invencionices sem fim, que nos fazem pensar que tá meio explicado sermos assim.

Ela é ela. E eu já chorei um dia, lhe contando que eu não queria nem pensar como seria o dia em que eu não pudesse ouvi-la. Por que eu me apaixono pela minha mãe todos os dias, por tudo que com os olhos, as palavras e os gestos, ela me diz.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O início do fim

Dizem que todo fim é, na verdade, um novo começo.

Lá estamos nós, muito bem obrigado, no útero acolhedor de nossas mães, quando não mais que de repente nos puxam pela cabeça, mandando gás carbonico aos nossos pulmões e nos apresentando nossas novas vidas. Um choque. Lá se vai a boa vida parasitária. Agora temos que chorar pra mamar, pra trocar a fralda e aguentar tudo quanto é tio e tia que vem visitar e dizer que a gente parece qualquer tataravô que já bateu as botas faz tempo. Nada é fácil no inicio.

Durante toda a vida passamos a nos acostumar com ciclos, que se iniciam quando menos esperamos e que se acabam quando mal começamos a nos acostumar com a coisa toda.

Um novo fim começa a se aproximar. Desde que assinamos a tal lauda de Diplomado começamos a dar passinhos em direção ao encerramento de mais um ciclo, fase, etapa,missão.. como queiram.
O fato é que esses 365 dias (ou menos!) nos separam das pessoas que vamos nos tornar no fim dessa caminhada. Parece que foi ontem que estávamos aprendendo a desenhar postes do ver-o-peso e as infinitas aplicações do jupati; mas as caras, as vivencias, as cagadas e experiencias nos mostram o tempo todo que um bom tempo se passou. A maioria agora já vai dirigindo p'almirante e já sente o gostinho do trabalho escravo do estagio nosso de cada dia. Agora vem aquele tal TCC, que a gente jurava que ainda demorava, e enquanto ainda jogávamos umas três fichas de bilhar e rachávamos uma Coca no 'era lá fora' ele chegou e se instalou. Ainda não sabemos se TCC se come com farinha ou se a ABNT ta de sacanagem com esse bando de normas que mudam do dia pra noite, mas a beca e o diploma só chegam quando a banca e a Rosângela assinarem na pagina que vem antes (ou é depois?) dos agradecimentos.

Há quem já esteja a meio caminho andado do seu projeto; aqueles que já tiveram sonhos e ouviram vozes ocultas a respeito de seus temas e outros que não sabem nem se passaram em Expressão Gráfica I. Seja como for, essa turma, que é uma mistura de erro no edital com completa exceção a regra do curso, já mostrou que tem 'espirito empreendedor', principalmente quando unida. Foi assim com os desenhos técnicos que não saiam, com as maquinas de quebrar coco, com os ladroes que começaram a bater ponto para nos roubarem e com (que os professores não vejam isso) as questões de prova que ninguém fazia idéia da resposta.

A gente já passou por muita coisa. Vem mais por ai. Mas a técnica da flutuação, para desvio de problemas vem sendo aperfeiçoada pela atual 4DIN1.

Ninguém duvida que esse ano vai ser longo. Ás vezes vai ser chato, vai ter dias que a gente vai querer largar tudo e fazer Direito, outros em que a gente vai querer mandar o orientador e o objeto de estudos para o 40 horas. Mas ai, é só olhar para o lado e lá vai estar um amigo, companheiro de turma, mais ferrado que você. E juntos, desse jeito que tem sido nesses três anos, a gente vai ver que a coisa acontece. Que o diploma vem, que no cruzeiro ou ali no pátio a formatura sai, que ser Designer geralmente não é ter vida de carteira assinada, e que nossa torcida não deu azar em 2006 e o Brasil ainda vai ser Hexa! Yes, we can!

Bom trabalho nesse ano para todos nós e que no fim a gente ainda dê muita risada de tudo isso!
(Escrito no início desse nosso novo fim. Aos quase designers e, principalmente, amigos que o Design trouxe)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Às 10h da madrugada

Fica a dica, caso role uma nova ditadura, que acordar cedo podia ser usado como eficiente método de tortura. (que pode ser incrementado com sustos ocasionados por vendedores de frutas ou brigas de vizinhos)

Se tiver compromisso mais ou menos uns 15,20 minutos depois da hora que abriu os olhos então, ai fica ótimo! Não tem jeito, depois que inventaram esse negócio de função soneca eu comecei a chegar bem mais atrasada em qualquer coisa que marquem comigo antes das dez. Não consigo usar a coisa com moderação. De sete a treze 'sonecas' costumam funcionar pra mim, menos que isso, acredito, é mal aproveitamento da função oferecida pelo celular.

E pior que acordar tarde quando se devia ter acordado cedo é o susto e suas conseqüências. Ontem acordei atrasada. Esqueci o celular e a cara na cama. Desci pro café e minha mãe fez cara de preocupação e disse que a minha cara tava meio palida. Quando a mãe diz palida, deve-se entender como eufemismo pra morta-viva. Mas, principalmente, quando sua mãe já olha com cara de preocupação (eufemismo pra pena) é porque a situação ta pegando. Mãe sempre acha a gente bonito. Menos quando a gente esquece a cara na cama e desce com cara de testemunha oculta em reportagem de TV.
Esquecer celular, tudo bem. A gente pode dar toque do celular alheio,comprar cartão telefonico. Mas a cara, compromete. Papai tava assistindo uma matéria sobre umas fantasias de carnaval que lembravam cortes de cabelo aborigenes misturados com alguem que se enrrolou em 150 colchas de cama. Ele disse que eu convencia como parte do programa tranquilamente. E isso é sério.

Nada contra aproveitar bem as horas do dia, mas que atire a primeira pedra quem nunca acordou chamando urubu de meu louro depois da 13,14 horas de sono. Meu pai é do time que acha que depois das 7 já se perdeu metade do dia. Não sei que conta é essa. Meu dia tem 24 horas e se eu não dormir 8 ele não rende nem duas e meia.

Não é como se eu tivesse verme, só pensase em dormir. Eu sou uma pessoa ativa, até demais inclusive. Mas não da pra negar, sempre tem cientistas estrangeiros (que trabalham a bessa, eu imagino) publicando coisas sobre os beneficios do sono. Emagrece, faz bem pra pele e a gente até cresce! Todo mundo devia ter o direito de dormir bem e o suficiente pra acordar com a cara pregada ao resto do corpo.

Mas, como dormir cedo é bem raro depois que esse tal de TCC chegou na minha vida e acordar tarde se torna bem complicado quando se usa transporte coletivo público nesta cidade, restam as alternativas para completar antes do meio dia as 8 horas de sono. Se morar longe do trabalho dá pra garantir pelo menos uns 20 minutinhos de cochilo no coletivo. Só não pode ter muito pudor, porque qualquer curva mais acentuada ou freiada brusca você pode parar no colo da senhora, emo ou vendedor de caneta e adesivos ao lado. E nem isso de ter vergonha de roncar ou babar na frente de desconhecidos completos. (eles nem sabem seu nome, no máximo pegam onibus contigo todo dia.)
E ah.. os que estudam.. como têm sorte aqueles que vão para a escola pela manha! Ainda não experimentei nenhum momento de sono melhor do que aqueles, em que ouvindo a voz arrastada da professora falando sobre a era vargas ou o neoliberalismo, sentados com a mao no queixo na frente dela e lutando para deixar os olhos abertos, conseguimos dar uma boa dormidinha e até sonhar. São os 5 minutos mais longos e revitalizantes que alguem pode vivenciar!


Fantasia inspirada em mim quando acordo assustada e atrasada. Tambem te amo,pai.